MORETO...NO ESPETO!

          Gluk, gluk. gluk!. Ao som estridente de cantar de perú em vésperas de Natal, despertei abruptamente da modorra letárgica em que caíra alguns minutos após o início do jogo que decorreu na catedral da Luz, entre o segundo classificado da Liga Zon Sagres e o Olhanense. Com os óculos na mão esquerda, passei a direita pelos olhos para estimular as pálpebras semi-fechadas e ajustei de novo, à medida, os óculos para poder acreditar no que passava na TV e o que provocara o alarido capaz de interromper a tranquilidade em que me deixara embalar com a modorra do espectáculo que me preparava para ver.

         



















Não, não foi equívoco. Era, com efeito, um peru, uma beleza de ave, bem nutrida, redondo, de longo monco vermelho sobre o nariz, ensaiando arrufos de pose de peru vaidoso e presunçoso de impressionar as parceiras do galinheiro, que Moreto, o criador do penoso bicho e, acidentalmente, a guardar o capoeiro, fizera cantar na Luz.

          Agradecidos pelo simpático presente natalício daquele que, ainda na época finda, já revelava uma veia muito apreciável para produzir frangos de excelente qualidade mas no parque zoológico onde actualmente reina a águia Vitória, o amigo Moreto ouviu o seu nome cantado, em uníssono, por uma assistência de 25 966 benfiquistas (!), coisa que nunca lhe havia acontecido nos anos em que lá esteve e tanto fez para o merecer...

           Quem não deve ter gostado muito da paródia foi o seu colega espanhol, o Robertinho, que já antes, ali mesmo e perante plateias bem maiores, nunca lhe foi prestada tamanha festa, não obstante a magnífica qualidade das suas produções avícolas.

           Esta "frangalhada" em que, curiosamente, o ex-fenfiquista Moreto acabou por jogar a favor do clube que representou exala, apenas aparentemente, um cheirinho algo suspeito de pau de galineiro. Talvez, quem sabe, pudesse a A.S.A.E. fazer uma rondinha, por aí, em algumas capoeiras menos limpas.