terça-feira, dezembro 07, 2010
A CADERNETA DOS CROMOS DE FUTEBOL.
Basta fazer uma simples incursão pelos blogues a cargo de adeptos do Futebol Clube do Porto, e até de outros que abordam assuntos não relacionados com o desporto, para se poder aquilatar do grau de insatisfação e de repúdio, mesmo de revolta, que existe no norte do país perante o tratamento discriminatório alimentado pelos órgãos de comunicação social públicos e particulares, aos clubes desportivos do norte em contraste com o proteccionismo e favorecimento que votam aos que estão sediados na capital.
Sendo certo que na actualidade o baluarte do desporto nortenho e de Portugal, o Futebol Clube do Porto, pelo mérito do seu espectacular historial de êxitos valorosos, alcançados de há uns anos a esta parte, tem vindo a fazer-se ouvir e a ser lidos nas TV e jornais marcadamente hostis ao emblema do Dragão, o tratamento que lhe é dado ainda não corresponde à dimensão do seu prestígio nacional e mundial.
Hoje, Miguel Sousa Tavares, Rui Moreira, Miguel Guedes, Francisco José Viegas, Manuel Serrão, Álvaro Magalhães, Júlio Magalhães, Sónia Araújo, Marta Leite de Castro, Cecília Carmo, José Guilherme Aguiar, Pôncio Monteiro, Rui Reininho, José Neto, António Simões para só referir os que no momento me ocorrem ao pensamento, ocupam e não se eximem, sem constrangimentos, à sua qualidade de adeptos do FC Porto, em diferentes tribunas dos mídea nacionais.
Longe vão os tempos em que o nome do clube que escolhi por volta dos sete anos, só me chegava pela voz de Alfredo Quadrios Raposo a relatar as derrotas que sofria em Lisboa e de Tavares da Silva a comentá-las na Emissora Nacional, há uma da tarde. Ou então era o Pedro Moutinho, culto e bem falante. Vieram, a seguir, Artur Agostinho, a dar a ideia de que fazia os relatos de cor, caso em campo estivesse a jogar o sporting, e Alves do Santos (slb), Amadeu José de Freitas (Belenenses), Nuno Brás (do norte mas vermelho), Carlos Cruz (esse mesmo...), lampião até à medula e alguns outros que vendiam o produto lisboeta que eu, ingenuamente, aceitava como ouro de lei...durante a caminhada longa de dezanove anos. Nem um tripeiro do F. C. Porto!
Mas um dia tive a ventura de descobrir um locutor sério e profissional competentíssimo: o senhor GOMES AMARO e o JOÃO VERÍSSIMO e, a partir dessa altura, quando não estava presente no Estádio das Antas a ver o jogo de auscultadores no ouvido, "via" o jogo que o Quadrante Norte me transmitia, nos seus inconfundíveis jeito e voz.
Mas o que mais me enfurecia e não aceitava na adolescência eram as cadernetas dos cromos trazerem, sempre, na capa dois jogadores com as camisolas do sporting e do benfica...
As conquistas já alcançadas até agora nos órgãos de comunicação social não correspondem, ainda, à projecção nacional e internacional que o Futebol Clube do Porto logrou na Europa e no Mundo. Mas não tenho qualquer dúvida em que, tendo já ultrapassado o sporting em títulos conquistados, a geração dos nossos dias vai celebrar a curto prazo a liderança dos troféus conquistados em Portugal.
A partir daí, não mais crianças verão cadernetas de cromos de jogadores sem que lá não esteja a camisola do MELHOR CLUBE DO MUNDO.
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Meu caro :
ResponderEliminar..."A partir daí, não mais crianças verão cadernetas de cromos de jogadores sem que lá não esteja a camisola do MELHOR CLUBE DO MUNDO"...
Apoiado !
Nem mais. Estava a ler, este belo memorando, e ao mesmo tempo a rever-me em tudo, a recordar a minha infância no início da década de sessenta, ouvindo esses e outros, entre os quais me recordo de um Lança Moreira, que me faz lembrar os tempos de muitos favores ao clube do regime,como, entre os escassos nortenhos, havia um do norte que era José qualquer coisa (salvo erro irmão de um que, anos depois, foi comentador nos relatos dos Emissores do Norte Reunidos e posteriormente do Quadrante Norte), seguindo-se mais tarde, além do célebre e tão admirado Amaro, um Alberto Sérgio,etc. Já das cadernetas, precisamente por essas e outras é que eu, apesar de sempre ter gostado de guardar tudo o que podia, não ter ficado com as cadernetas dos desportistas desse tempo, por me fazerem recuar a tempos que, no aspecto futebolístico sobretudo, não me deixaram saudades.
ResponderEliminarE, claro, Lança Moreira. Lembro-me perfeitamente.
ResponderEliminarAbraço.
Excelente post que traduz exactamente aquilo que é notório há muitos anos: tal como a propaganda nazi, também um dia se porá cobro a tamanha vergonha que é defender o impensável: que o slb ou o scp sejam clubes que merecem todo o destaque apesar das péssimas prestações futebolísticas há décadas!
ResponderEliminarViva o FC Porto
Caro Remígio
ResponderEliminar...já ia a meio comentário,prosa alinhavada e desfiando (também) memórias dos tempos dos relatos,dos jogos "da bola",pelas 15horas da tarde,dos pelados, dos agostinhos/amadeus/brás,quando, na fúria (feliz) do segundo golo dos schalkas,carreguei onde não devia e ...porra!que lá se vai o dito-cujo.Agora,como não consigo refâze-lo,vamos ver como me sai este.
Eu começava por saudá-lo,agradecendo o seu magnífico post - um rol de recordações que me deixou encantado. Lembrei-me do tremoço e do fino, do chá-de-limão,do "carioca" e do bagaço, que nas tardes quentes e/ou nas muito frias da Beira Alta,acompanhavam o relato do futebol nos pelados de então...às mesas do café Machado,onde podíamos - além dos golos -"festejar"( só com os olhos)as tonturas dos belos seios,e não menos belas pernas das filhas do estalajadeiro! Ah!que saudades!(da bola e do resto,òbviamente).
Nos cromos dos "rebuçados da bola",e cuja colecção,era na altura,quase proibitiva por falta de ..."liquidez",as cadernetas NÃO honravam,realmente, os do N/ clube,como diz...Eram os tempos da " simpatia" e da verdade desportiva(?),que tanto jeito lhes dava(SLB & SCP ),pois lá iam repartindo títulos e vitórias à vez ((e nós nem de VEZ em quando! a tal "fábula" da... ponte).
Surpreendido fiquei ,entretanto,por o Nuno Brás ser "vermelho".Sempre,não sei bem porquê,(talvez por ser do Norte?) o liguei cá ao N/clube...se calhar, é o percursor do daniel de paredes!
Já agora,um nome que nunca mais tinha ouvido foi o de Lança Moreira...era tb. dos "vermelhos"?...
Bom feriado,amanhã.
Abraço amigo
João Carreira
Caro João:
ResponderEliminarTambém a mim, caro João, também a mim sucedeu já por mais de uma vez, esse percalço. E o pior é que, para além do tempo que não se pode recuperar, também se vai a inspiração do primeiro texto e já não sai a "obra" como o "artista" primeiro a tinha concebido. Enfim, há que ter paciência.
Pois é meu caro, recordar (dizem) é viver. Bolas, o autor da frase inventou-a porque não tinha outro remédio. Gosto mais de estar a comer uma maçã do que me estar a recordar do (bom) sabor que ela antes me proporcionou...
Gosto de lembrar os tempos vividos mas não sou saudosista. Vivi o que tinha a viver e, agora, dou valor ao momento que passo. Mas, pelo que me é dado perceber da sua agradabilíssima prosa, tenho pena de estar tão afastado da sua presença, privando-me de uma companhia privilegiada que, nesta lagoa onde o meu navio se move, estou irremediavelmente impossibilitado de encontrar similar.
Escapou-me, porque escrevi apenas confiado nesta traidora memória, o nome de Lança Moreira. Recordo-me dos seus relatos nitidamente, mas já não me recordo da sua preferência clubística. Até, talvez, não a tivesse...
Retribuo, com gosto, os votos de bom feriado.
Azul Dragão:
Hoje, felizmente, há uma realidade que já não tem comparação com o que era no passado. Lentamente, mas gradativamente caminhando no melhor sentido, havemos de chegar mais longe e mais alto.
Bom feriado. Um abraço.
Caro Remígio
ResponderEliminarMuito grato pela mensagem ,farei sempre por merecer a sua boa atenção.
Abraço amigo
João Carrreira