quinta-feira, outubro 15, 2020

"COLEGA, AMIGO E FAMILIAR PORTISTA", A SAUDAÇÃO DO NELSON

             A nossa convivência na juventude não foi permanente nem de total proximidade. Distanciava-nos, a meu favor, o número de anos de idade e o diferente regime de vida e educação familiar de cada um de nós. O do Nelson mais rigoroso e controlado não lhe permitia contatos livres com companheiros fora do círculo limitado da família.

            O Nelson e a mãe um dia emigraram para França. Durante um largo período, não tivemos oportunidade de nos encontrar, conversar e mutuamente consolidarmos laços de amizade, a não ser nos curtos períodos de férias que passava com os seus parentes próximos residentes em Lanheses ou com familiares na terra da naturalidade, lá para as proximidades de Vila Nova de Famalicão. 

           Já com a reforma garantida, deixou a emigração e regressou definitivamente para se fixar com a progenitora em Braga, em apartamento próprio; mas, vinha na viatura própria com frequência à sua terra adotiva para estar com os amigos. Entretanto, os encontros entre nós tornaram-se mais assíduos e a amizade cresceu e consolidou-se. 

         Viria a viver sozinho após o falecimento da mãe, mantendo domicílio na cidade bracarense.

         De todos os amigos com quem me cruzei na vida não recordo outro que reunisse tanta simpatia e qualidades de conversador versátil e humorístico, pondo em tudo quanto dizia um condimento de graça e de inteligente sentido alternativo.

         O encontro era (sempre) precedido da enfática expressão: -olá, amigo, colega e familiar portista! -Familiar portista, sublinhava, de braços abertos para o abraço firme e amplo. E a conversa mantinha-se por tempo indeterminado, de sorriso pronto e saudável, à volta do nosso Clube comum, o Futebol Clube do Porto.

        Depois, as visitas começaram a rarear. O Nelson ficou doente, passou pelo Hospital, voltou para a solidão do apartamento, deixou de poder conduzir. As notícias sobre ele e a forma de vida deixaram de me chegar.

       Soube do seu apagamento por um amigo comum, mais de uma semana depois do infausto momento ocorrido há já alguns meses. Lamento não ter tido com ele um último instante para lhe manifestar toda a minha amizade e agradecer-lhe os momentos sempre agradáveis que vivemos, devolvendo-lhe o abraço e a saudação tão peculiar -olá, amigo, colega e familiar portista!. Familiar, portista!

      Até sempre, Amigo Nelson. 

     (Sabes? O nosso Porto é, de novo, Campeão...)

       

       

          

domingo, outubro 11, 2020

DRAGÃO, SEMPRE! VAI VOLTAR

      



 

      Dentro em breve,  o Dragão, Sempre! vai voltar. Com algumas alterações nos conteúdos, na forma e no estilo, mas sempre com a resiliência dos fortes e o sentimento de profunda paixão e devoção que alma de um portista genuíno e fiel possa e saiba conferir~lhe.

      O gestor não prevê a divulgação futura do "Dragão, Sempre!" noutro meio virtual de comunicação, por mais popular e procurado, designadamente no facebook: o acesso direto está aberto a todos com ou sem seguimento permanente.

      Comentários serão inseridos se e quando cumprirem as regras de civilidade e correção devidas.

 

     O Gestor: Remígio Costa

terça-feira, julho 21, 2020

CAMPEONATO ATÍPICO, COMPEÃO CONVICTO



A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, texto e ar livre





               O Futebol Clube do Porto (FCP), é o CAMPEÃO IRREFUTÁVEL do campeonato de futebol da época de 2019/2020. 


         Tendo derrotado no Estádio do Dragão na antepenúltima jornada da prova o Sporting Clube de Portugal, o FCP manteve o distanciamento de oito pontos e uma vantagem nos resultados dos jogos realizados entre si e o atual segundo classificado, o SLB, somando uma diferença pontual inultrapassável. Recuperou uma diferença pontual de sete pontos negativos na classificação geral, relativamente ao então primeiro classificado, terminando com um ponto a mais no momento da imprevista interrupção da prova.



         Resumidamente, o FCP foi a equipa que venceu mais vezes, a única que derrotou inequivocamente os adversários putativos candidatos ao título nos quatro jogos realizados entre si, obteve maior número de golos marcados e foi a que menos golos consentiu. 

        Se num campeonato normal já é uma tarefa estóica e épica o Futebol Clube do Porto ser o campeão, em Portugal vencer uma prova que decorreu em modo de emergência social e administrativa em todos os parâmetros da organização estatal e dos organismos independentes por força de uma pandemia que colocou o país em convulsão, como foi a que agora termina e o Dragão venceu, é feito que merece honras atribuídas aos heróis do Olimpo. 


        Para ser campeão, a equipa da heróica cidade da Virgem parte em desvantagem relativamente aos adversários da capital centralista sanguessuga, nomeadamente o SLB, tendo que possuir o dobro ou o triplo do valor da equipa favorita do regime sediada na freguesia de Benfica, encostada ao gigante Colombo, cujos métodos e processos de triunfar brigam não raras vezes com a sã prática do desporto e a legalidade exigida. Um triunfo do Futebol Clube do Porto não representa apenas uma luta no relvado para alcançar o melhor resultado possível, porque arrasta por acréscimo contra si uma parcialidade de uma propaganda escrita e falada obscena e parcial, capturada por interesses ilegais, encoberta ou às claras, que inquina a opinião pública em desfavor do campeão nortenho. 



         Desmerecem os feitos do Futebol Clube do Porto obtidos dentro e fora do país, insultam e vilipendiam o mais laureado presidente mundial de clubes de futebol, Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, maltratam e desvalorizam o treinador Sérgio Conceição, um dos mais competentes técnicos da atualidade, encobrem os negócios escuros executados às claras calando as teclas dos computadores no que publicam ou divulgam verbalmente nos programas onde são cartilheiros a soldo, e, quando, por razões de ofício, têm que se vergar ao devido reconhecimento das conquistas obtidas pela equipa do norte, acrescentam sempre um mas para desconsiderar o valor dos êxitos alcançados como um pontual demérito do clube que defendem, como se alguma vez alguém deixasse de ser campeão por mérito.


         Há três anos como mister da equipa do Futebol Clube do Porto, Sérgio Conceição soma dois como CAMPEÃO indiscutível, conseguidos por mérito da equipa que orienta e continuará a comandar; quem acompanhou as últimas cinco partidas do SLB no campeonato da época passada, não tem qualquer reserva em afirmar que, não fossem as arbitragens miseráveis que o beneficiaram, o dito clube da Luz continuaria perdido na mais profunda escuridão.  

         Que, ao fim e ao cabo, outro lugar não merecia.

         

      













       

        

        










Fotos recolhidas da reportagem do PORTO CANAL
Remígio Costa


        

quarta-feira, junho 24, 2020

NO SÃO JOÃO, UNS FESTEJAM OUTROS NÃO.





NO SÃO JOÃO, UNS FESTEJAM OUTROS NÃO.

Na noite de São João,
Uns riem e outros choram;
A uns rebenta o balão,
Outros veem e adoram.

Entre santos populares,
João, António e Pedro,
Quem sardinhas não assar
Não come, chupa no dedo.

A sorte nem sempre estica
Vem e vai tal como vento;
Sopra mais na Caparica
Que Andrés no Parlamento.

Não há ferro que não dobre,
Santa Clara sem ter milagres;
E quando o pinheiro é nobre
Não dá pinhas a milhafres.

Remígio Costa, 2020/24 junho.



quarta-feira, maio 27, 2020

VIENA, QUARTA-FEIRA, 27 de maio de 1987

         Tarja pintada pelo pintor-escultor Manuel Vieira (1957)



      Cinco dias após a saída de Portugal (sábado dia 23 de maio, pelas 15:00h) pela fronteira de Valença, chegávamos a Viena de Áustria. Eu, o Rogério Agra, o filho deste Carlos Agra, Rogério Vale e Dino Vieitos; já na capital austríaca passámos a sete com o encontro ocasional a caminho da fronteira de Salzburgo, dos amigos Lucínio Araújo e Ângelo Araújo.


    Almoçámos. Bife simples, cozinheiro idoso sem pressa e um avantajado doberman preto ali ao lado a entreter-se com uma bola de futebol, a desfazer-se.


   Pelas 16:00h (TMG), chegámos e estacionámos no amplo Parque do Estádio do Prater, o Citroen do Rogério.


   Depressa demos conta da superioridade numérica dos bávaros, aparentemente tranquilos, com ar indiferente e tolerante, despreocupado.


   Portugueses...? Bah.


  
Passados 33 anos ainda não sei como escapámos ilesos a um linchamento público, quando demos a volta ao Estádio, a passo de procissão, onde já aguardavam a abertura das portas grande parte das falanges de apoio germânicas, exibindo uma faixa com mais de cinco metros onde estava escrita a mensagem "Havemos de ir a Vi(ae)na: nem um dichote, mesmo que fosse em alemão, nem o mais insignificante dos insultos ou mínimo gesto de agressividade. Desprezo total. 



      Às 20:00 horas, estávamos dentro o Estádio pintado a vermelho pelas camisolas e bandeiras dos "donos disto tudo". Portugueses, sim, quinze, vinte mil. Idos de Portugal e portugueses emigrantes. Esgotado.


     Começou o jogo. Primeiro tempo, alguma angústia, pressão máxima, mas fé inabalável. A equipa demonstrava calma.


    Porto! Porto! Porto! Portugal! Portugal! Portugal! O 0-1 não era o fim, mas incomodava. Impacientava.



    A segunda parte passou a estar do nosso lado da bancada. A baliza da fortuna, o cofre de ouro do Bayern desmontado pela inspirada magia de Rabath Madjer e a rapidez de um raio fulminante de nome Juary, prodigioso. Passámos para a frente, 1-2, o marcador virou esperança, mas nada (ainda) terminou. Será? Será?. Ah, coração que não cabes já no peito.


   Últimos segundos expectantes, dramáticos, como se o tempo tivesse adormecido. Um livre, a barreira não fura, o coração voltou a bater, à pressão máxima.


   Terminou!!! Campeão, campeão da Europa! -Da Europa, da Europa, ouvia-se da voz rouca de emoção de um vianense veterano a subir os degraus ao nosso encontro agitando, frenético, uma pequena bandeira do nado Campeão.


   Campeão europeu! A cores, para Portugal ver. Inédito.


   Há momentos únicos da vida que levámos connosco até ao último suspiro.


   Viena, para sempre!"


   Futebol Clube do Porto, eterno campeão.

 
Fotos: Remígio Costa