O "OLHO" VERMELHO DA RTP1.

         Estava o Dragão dolente e confiado prestes a regressar ao balneário para trocar as chuteiras e as camisolas encharcadas, não de suor do trabalho que não fez como tinha obrigação, mas da chuva que caía em Moreira de Cónegos sobre o relvado onde estivera a nadar, quando Antchouet "castanhou" para dentro da baliza uma graça de Beto.

          Não fora estar o bandeirinha disposto a mostrar serviço e ver um fora de jogo que, as imagens da TV certificam não ter existido mas que Baptista sancionou antes da bola ter chegado à baliza, e o Moreirense teria contribuído para que o chá no balneário do Dragão tivesse o gosto do fel.

          Mesmo tratando-se de um lance em tudo idêntico a muitos outros em que o prejudicado foi o FC Porto, a comunicação social, com o Jornal da Tarde da oficial RTP1 com o "olho vermelho" do pivot Carlos Daniel ao rubro, atiraram-se ao "roubo" de que foi vítima o "pobre" desvalido segundo-divisionário em benefício do abastado caçador impante de águias e outros bichos.

          Tudo certo, não fosse a costumeira e proverbial falta de visão do célebre anti-azul-e-branco de Paredes, que tem a particularidade singular de ver com o seu olho vermelho esquerdo o cisco no olho do vizinho e é incapaz de vislumbrar a tranca que aloja no "pisca" da direita.

           Fosse de outro modo e, como profissional isento que tem obrigação de ser mas não é, por ser servidor público, não poderia ter ignorado a rasteira de que foi vítima Hulk, dentro da área dos locais, eram decorridos vinte minutos de jogo. E, não receio de incorrer em qualquer pecado que a minha paixão clubista me sujeitasse a cometer porque, em comentários quase unânimes publicados nos media, o senhor Baptista do apito vermelho deixou sem punição um penalti que, a ser marcado, teria liquidado, logo ali, qualquer veleidade ao simpático adversário.

           A violência, no desporto ou em outras manifestações que suscitam paixões e ódios em multidões incontroláveis, tem causas muito díspares e não se isenta de para elas contribuir quem a fomenta, não praticando a isenção e o distanciamento adequados aos factos que presencia e os distorce ou omite, obedecendo a critérios próprios e tratando-os em função de interesses particulares, mesmo que o faça em tribunas pagas pelo dinheiro dos impostos que todos pagamos.