JÁ TEM BARBAS!

         Eu até entendo que, esporadicamente, a comunicação social se interesse em divulgar figuras típicas, com comportamentos de alguma excentricidade de imagem ou de costumes, susceptíveis de despertar a atenção do público e, através da exposição mediática, diversificarem notícias ou acontecimentos incluindo-os nas peças que apresentam.

         Estou a pensar no muito conhecido "Emplastro" e a sua obsessão em aparecer por detrás do repórter em serviço externo de TV, e nas suas tentativas e movimentações para se manter no ângulo da câmara e poder ser captado, exibindo (agora já restaurado) o seu largo sorriso desdentado.

         Caso diferente, parece-me, é a apetência que as TVs denunciam por uma espalhafatosa figura de túnica vermelha vestida e fartas barbas negras de (troglodita) ermita das cavernas pré-históricas que, pelo que ontem fiquei a saber, não falha um acompanhamento do clube da Dona Vitória nas suas deslocações ao estrangeiro. E não é o exotismo ridículo do seu vestuário que me surpreende, porque cada um tem direito de fazer, se lhe der na gana, o Carnaval quando entender. O que me intriga e gostaria de esclarecer, é que interesses poderão alimentar a sua obrigatória aparição nos ecrans que temos em casa e pela qual nos cobram um taxa, e sempre lhe oferecem o microfone para lhe darem tempo de antena à partida, durante o jogo e à chegada, em todas as viagens em que segue o Benfica fora do país.

         E fico a pensar se o interesse dos profissionais da comunicação social seria o mesmo, no caso de ser a eminente figura um milionário negociante que enriqueceu a vender sucata ou um abastado  ricaço com uma caravana especializada na venda de cachorros quentes.