segunda-feira, novembro 07, 2011

UM GRANDE RIO FAZ-SE DE AFLUENTES.

      

            Os sócios e simpatizantes são importantes para a existência dos clubes e sem eles as agremiações desportivas não passariam de verdadeiras empresas industriais dedicadas à exploração do futebol como actividade económica. Ainda que o actual enquadramento legal seja, grosso modo, equiparado à maioria das  empresas com o aparecimento das SAD, são os sócios e simpatizantes quem mais contribui para o seu sucesso e grandeza.

             Sendo certo que aos sócios lhes é reconhecido pelos estatutos o direito de emitir opinião e criticar os seus dirigentes nas Assembleias Gerais onde tem direito a participar os seguidores, na prática a verdadeira maioria formada pelos não sócios, não dispõe de melhor oportunidade de manifestar os seus protestos ou concordância do que no "Tribunal" das bancadas do estádio quando ali se desloca para ver e apoiar a equipa que escolheram amar.

             Mesmo que as reacções emotivas dos seguidores tenham uma enorme carga de irracionalidade, porque são tomadas no calor das emoções vindas do que observam e conhecem, que é apenas uma parte da realidade, não podem ser ignoradas pelos dirigentes que sobre elas não devem deixar de ponderar e decidir.

            Tudo isto para dizer que este desassossego que incomoda a massa adepta do Futebol Clube do Porto nesta fase menos esfuziante, não passa desapercebido ao presidente Pinto da Costa e à sua Direcção, pelo que é fácil de concluir estar a situação sob controle e as decisões, se o assunto o justificar, não deixarão de ser tomadas.

            Porque me parece que uma parte (não sei se grande ou pequena) de apoiantes do FC Porto e, também, sem surpresa, uma boa fatia da imprensa escrita e visual de que nem "O Jogo" se desvinculou, vou aqui relembrar algumas outras situações que, não dizendo respeito ao Futebol Clube do Porto, podem ajudar a acalmar alguns espíritos mais inquietos e de julgamentos fáceis.

           Alex Fergunson, o lendário treinador escocês do Man United de Nani, Rooney, Giggs, Van der Saar e outros "deuses",  foi há pouco tempo trucidado em Old Trafford pelo Manchester Cyty com 1-6, redondo e grosso, como o ministro grego das finanças Evangelos Venizelos e segue com vários pontos de atraso em relação ao primeiro lugar.

            Aqui ao lado, na Catalunha, o "outro" melhor do Mundo (para mim), Pep Guardiola, vê o empate (2-2) cair-lhe do céu por entre os pingos de chuva no último suspiro do jogo em S. Mamés, porque Messi não deitou fora o brinde que lhe deu um defesa do Bilbao, E o fenomenal Barça, de Iniesta, Xavi, Poyol, Fàbregas, Vila e não sei quantos mais "ultras", este ano ainda sem mostrar a mínima exuberância, lá viu o Real Madrid a afastar-se rumo ao título que persegue com a fome do jejum forçado de alguns anos.

            Chegou a Stranford Bridge cheio de "cagança" por ter vencido a Liga Europa e, com as primeiros vitórias, dizia-se que ainda superaria o "special one". O pior foi quando viraram a moeda e apareceu a cara má das derrotas e o nariz cada vez mais vermelho do mister dezoito milhões. Mas continua seguro, por enquanto, que o russo Abramovich apesar de rico sabe o valor do dinheiro.

            Por falar em Mourinho, lembre-se o que foi a sua luta no ano passado e as vozes que se levantaram sobre a sua capacidade para levar os merengues ao sucesso. E o que Florentino Perez teve que investir na presente temporada para o satisfazer em termos de plantel.

            Por cá, Leonardo Jardim, teve a mala à porta, posta pelos adeptos, há pouco mais de quinze dias e, após uma vitória retumbante por 5-1 contra um clubezito dos balcãs, e, um empate contra outro de igual valor ontem no Axa, os mesmos que o apedrejaram cantaram hinos à sua arte. Justiça foi o que lhe fizeram porque o Sporting de Braga, nos dois jogos referidos atrás, só no último ficou àquem nos golos que a justiça do resultado merecia.

            Jesus, o "magnífico "self made man" meteu os pés pela língua no falhanço que sofreu na tentativa de chegar ao trono isolado da classificação geral e, não fosse a ajuda do seu homónimo de Braga, estaria de novo na calçada do Calvário. Nem viu que o jogo teve as mesmas partes para as duas equipas, embora a dele só estivesse em campo na compensação de tempo da última...sendo salvo por um auto-golo cujo autor desviou a trajectória que a levaria a Quim.

           Em Alvalade, meu Deus!. Vi alguns minutos em zaping e os dez finais seguidos. Que espectáculo! Nem na serenata da Romaria d'Agonia, em Viana do Castelo, atiram tantos foguetes para o céu! Só não sei quem  ganhou o bacalhau! Não seria fácil de encontrar o "artista" que conseguiu atirar a bola mais alto.

           Vítor Pereira nasceu este ano como treinador principal de uma equipa de topo e não tem curriculo de  vitórias extenso, mas, também os grandes rios nascem com pequeno caudal que aumenta ao longo do seu percurso até à foz com a ajuda dos afluentes que se lhe juntam no caminho. Assim os sócios e adeptos do FC Porto não deixem de alimentar o caudal  para tornar irresistível a força da corrente que nos levará à vitória final.

           A substituição de um treinador no decurso de uma época nem sempre é garantia de medida acertada. Não sou adepto de chicotadas, mesmo as ditas psicológicas, e, só as compreendo com fundamento em conflitos insanáveis entre dirigentes e dirigidos. Não me parece ser o caso vertente do treinador Vítor Pereira e Pinto da Costa vai ratificar o seu apoio à sua escolha primitiva, até porque, não sendo Pedro Emanuel ou Jorge Costa, as hipóteses mais verosímeis nesta altura, não há no horizonte próximo um sobredotado capaz de fazer melhor nesta conjuntura.

           

            

        

4 comentários:

  1. Pois é meu caro. Não é possível que os nossos adeptos usem o raciocínio e a lógica para aceitarem o momento presente da equipe que todos queremos perfeita, acontece até, e isto é a minha opinião, que os nossos adversários estão inequivocamente mais fortes e não temos a almofada de 9 pontos de avanço que tinhas no ano passado por esta altura, o que só por si acrescenta uma ansiedade que antes não existia. Tudo isso pesa nos ombros dos jogadores e principalmente na mente de quem luta por não defraudar a confiança que Pinto da Costa lhe confiou. Concordo inteiramente com o post de hoje.

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  2. Caro Remígio
    Após a leitura do seu excelente post e concordando, na substãncia, com o articulado, não consigo( p'ra já) deixar de pensar que, apesar de tudo,a "coisa", na sua essência-metafísica (?)(que palavrão do carago!,oh Remígio...)não está a funcionar e que o "divórcio" vai ser doloroso para qualquer das partes,se é que me faço entender... Há sinais de muito fumo. O fogo : é já a seguir,ao virar da esquina,receio.
    QUERO ! estar enganado! como quero desejar que, se houver chicotada, não seja Pedro nem Jorge a assumir a liderança...´como a raposa, também acho, que estão... verdes.
    O futuro,ai o futuro !
    Abraço amigo do
    João Carreira

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  3. Caro Remígio, criticar todos têm o direito, sem dúvida e até acharem que VP não é o treinador ideal, mas se ele foi o escolhido e continua no cargo, tem a confiança de quem tem de decidir, porque carga da água todos os dias aparecem a pedir a sua cabeça, a mandarem as bocas mais foleiras?
    Parece o Porto do passado, aos primeiros desaires, treinador para a rua e tudo começava de novo...
    Parabéns por esta lufada de bom senso.

    Abraço

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  4. Eu cá , não dou nada para o peditório
    anti- Vítor Pereira . Por mais que me custe !

    Um abraço

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