quarta-feira, agosto 22, 2012

BOLAS PARA DENTRO.



              Há coisas que acontecem no futebol para as quais, mesmo que os jogadores e técnicos se afadiguem em encontrar os mais elaborados argumentos para as justificar, a maioria dos adeptos não compreende nem aceita. É o caso da letargia de que a  equipa do Futebol Clube do Porto pareceu possuída na partida contra o Gil Vicente, que lhe valeu a perda de dois preciosos pontos e a possibilidade de assumir desde já a liderança do campeonato, percalço de difícil entendimento por se tratar de um adversário modesto,que aconteceu perante uma assistência maioritariamente portista, a certeza de que uma vitória lhe daria um capital de avanço de dois pontos  relativamente  a dois dos três maiores candidatos ao título (o sporting seria o terceiro ao empatar mais tarde, em Guimarães) e que acabou por se tornar um desperdício de não mandar um  "aviso à navegação" de que o bi-campeão não vai para esta prova para "brincar em serviço".


 

           
            Estavam avisados, mas, ao que tudo leva a crer,  todos "fizeram ouvidos de mercador" e o resultado é que a "má cara" alastrou-se entre os seguidores menos tolerantes do FC Porto, o que, se não é irremediável porque está na mão da equipa dar uma resposta já no próximo jogo, faz recair desde já alguma pressão sobre a equipa que em nada a beneficia.

              Dos três jogos em que intervieram os principais candidatos ao primeiro lugar, só o do Futebol Clube do Porto vi por inteiro. Já falei dele. O de Lisboa, entre o clube da Dona Victória e o Sporting de Braga, resultou num empate injusto para os minhotos que me impressionaram muito bem, individual e colectivamente. Muito boa movimentação, excelente forma física, personalidade. Fez jus ao estatuto de grande. Foi claramente superior aos lampiões, que beneficiaram da sorte nos lances dos golos que fizeram (um deles ajudado com a mão de Cardozo) e viram um seu jogador expulso de forma muito duvidosa por um árbitro que não distingue entre preto e branco. Este Artur, tem dias que são só ares...Começa a ser caso.

              Jogo grande é o que se espera logo à noite, no AXA. E uma vitória...salvadora. Como já tendes o Bom Jesus, agora só precisais de um árbitro competente.

              Surpreendentemente, ou talvez nem tanto, os encarnados demonstraram falta de competitividade, insegurança, alguma apatia e algum medo do adversário, o que na Catedral do Túnel não é muito bem aceite. Mas tudo bem, quando se tem Luisão, Garcia e...Jesus, em quem confiar.

              O sporting não ganhou em Guimarães contra o que eu previa. Penso que os viscondes partem para este campeonato com mais chances do que em anos anteriores, porque, tanto os jogadores como o treinador não estão, na minha opinião, muito pressionados e dão a entender isso mesmo pela forma como actuam. E no plantel tem uma meia dúzia de excelentes executantes, sem dúvida. Quem não poderá vir a aguentar com nova decepção é a direcção do senhor Godinho Lopes...


             Paralelamente ao jogo propriamente dito, continua a barafunda que não pronuncia nada de bom para o futuro do futebol. O monopólio do senhor Joaquim Oliveira limitou ainda mais o acesso do grande público ao desporto-rei adquirindo o exclusivo das transmissões dos jogos. Agora, é tudo a pagar que a vida vai boa.  É tal a sua solidez que o dono do futebol nacional  até oferece carros de alta gama para os dirigentes das estruturas federativa e de arbitragem. O jornal "O Jogo", em quem  os portistas depositavam confiança para relevar e garantir os sucessos e defender o prestígio do baluarte nortenho, em contraponto com a comunicação da corte alfacinha capturada aos interesses dos clubes do regime, põe em plano de igualdade o historial do Futebol Clube do Porto nos últimos trinta anos obtido em Portugal e no estrangeiro e o clube do bairro de benfica, colocando lado a lado nas suas capas a figura ímpar do vitorioso Jorge Nuno Pinto da Costa e do patrão do clube da Dona Victória e sucessor de Vale e Azevedo, como se fosse possível colocar em paralelo Bin Laden e o Papa, cedendo aos benefícios que espera colher da simpatia dos mirabolantes seis milhões.



            O  tráfico mercado só oficialmente termina em 31 de Agosto e é impossível os jogadores não serem afectados pela turbulência em que são envolvidos pelos empresários, reduzindo-lhes o poder de concentração necessário para  bem desempenhar as suas obrigações. Reparem na convicção com que juram amor ao clube que lhes dá acesso à fama e...ao dinheiro. Com a época já a decorrer, os jogadores continuam a ter que representar as selecções dos seus países de origem e, dentro de algum tempo, irão ser de novo chamados para o apuramento do campeonato europeu. Uma verdadeira ditadura dos amigos ricos contra o desespero dos mais fracos e indigentes.

            Definitivamente, este já não é o futebol de que eu aprendi a gostar.

             

             

             

2 comentários:

  1. subscrevo totalmente. Isto não está fácil, mas confio que no fim continuaremos a vencer, a ser os melhores.

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  2. Amigo :

    .."Definitivamente, este já não é o futebol de que eu aprendi a gostar."...

    Sinais dos tempos !

    Abraço

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