domingo, abril 25, 2010

OS ÁRBITROS E OS SEUS JUÍZOS.

O que se devia dizer dos árbitros e não diz

JOSÉ MANUEL RIBEIRO

A culpa, no episódio em concreto, talvez nem seja dele. Se o tabefe em Bruno Ribeiro for genuíno, quem o deu foi Falcao; se houve exagero, exagerou o assistente que embandeirou o acto. E, no entanto, como desligar Pedro Henriques do incidente que subtraiu o colombiano do próximo FC Porto-Benfica? Em princípio, quando se autoriza vinte e dois jovens não anorécticos a passarem hora e meia aos pontapés e encontrões uns aos outros, há uma probabilidade razoável de que algum se canse, algures entre a décima sétima e a vigésima contribuição viril para o espectáculo que teve de aguentar no lombo.
Foi Falcao, poderia ter sido Hélder Barbosa, do Setúbal. No âmbito do completo desconhecimento do que é uma falta, Pedro Henriques é de uma imparcialidade robótica. Talvez até seja o mais próximo que alguma vez se esteve de aplicar as novas tecnologias à modalidade, embora, pelo entendimento que costuma ter dos lances, pareça mais convencido de que as máquinas são os jogadores. Máquinas blindadas, em aço inoxidável, envolvidas em teflon e equipadas com "airbags" de série.
É evidente. Os árbitros portugueses compram demasiadas faltas e com elas um jogo pior e mais morto do que devia ser. O que se discute não é a necessidade da cirurgia: é a conveniência de ser Pedro Henriques a operar e a liberdade de poder fazê-lo com motosserra. Num meio tão dado a discutir névoas como penáltis e foras-de-jogo, não seria mau, para desenjoar, apontar de vez em quando aos que dão cabo disto por convicção no erro e idealismo assumido, escrito e publicado.
(v.g. Jornal O JOGO, de hoje)

        O destaque dado a algumas passagens do texto é da minha autoria. Recorri à transcrição porque, quando a li na versão escrita, encontrei nela a síntese do que penso do desempenho dos árbitros nacionais e nunca seria capaz de o fazer desta forma tão pertinente. Continuo a pensar que aos árbitros nacionais falta estrutura mental capaz de discernir entre a letra e o espírito das regras e a exacta medida de como, e quando, as devem fazer aplicar.

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