quinta-feira, maio 20, 2010

O FAVORITO DO REGIME.

            Ainda que não seja muito demorada uma passagem de olhos diária pelo jornais, televisões e internet, não se pode fugir às referências que em todos aqueles meios de comunicação são feitas regularmente à instituição Sport Lisboa e Benfica. E, tal constatação não é de agora.
            Desde que me conheço, como indivíduo aberto ao conhecimento das coisas, sempre constatei o   privilegiado tratamento preferencial, o desvelo de uma "boa imprensa", em tudo o que pudesse promover e elevar o clube lisboeta ao topo das glórias desportivas do nosso país, ainda que isso implicasse desvalorizar, mesmo denegrir ou ostracizar, tudo o que outros iam conquistando, dentro e fora de Portugal. Mesmo no campo político, embora disso apenas só em idade adulta tivesse consciência, o Benfica atravessou os longos quarenta anos do  dito domínio fascista como a "equipa do regime", vangloriando-se pelo mundo de ser o único clube com atletas nacionais não obstante integrarem a equipa cidadãos oriundos das então colónias portuguesas, designadamente Angola e Moçambique.
            Os jornais centralistas de Lisboa, com larguíssimo realce para o jornal "A Bola", vestindo sem qualquer pudor uma camisola vermelha aos seus seleccionados colaboradores, tornaram-se fervorosos vendedores da marca Benfica, valorizando não apenas o que a grandeza do feito requeria mas, da mesma forma, o mais insignificante e trivial acontecimento que lhes respeitasse.
            Foi naquela situação de desigualdade que os chamados clube da província, designadamente o Futebol Clube do Porto, tiveram que lutar tendo, mesmo numa situação de desleal desvantagem, suplantado qualitativamente e ficado muito perto em número, de êxitos desportivos do predilecto e incensado SLB.
            Os tempos de antena e os espaços de outros media que foram, e continuam a ser, dedicados à recente conquista da Liga pelo clube da Luz, e que nem de longe nem de perto, foram anteriormente concedidos a outros campeões, entende-se muito melhor se se souber que eles foram produzidos, não apenas em função do mérito da vitória obtida, mas, em primeiro plano, na perspectiva do retorno económico que se espera ver retribuído pela massa popular que eles ajudaram a engordar.
           Quando não é o Benfica que promove no estrangeiro qualquer iniciativa de propaganda junto das comunidades emigrantes ou participa em torneios prestigiados ninguém, por mais que se empenhe, obtém uma citação na comunicação interna uma referência compatível com o acontecimento. Mas se for a actual versão diplomática do regime democrático a levar uma embaixada  a um país emergente do outro lado do mundo, tendo como estrela mundialmente conhecida já não o desgastado Eusébio das glórias passadas mas o astro fulgente dos sucessos recentes, Nuno Gomes , como agora se viu em Timor onde, ao que parece, é ainda mais fácil arrebanhar adeptos para o clube da águia vitória do que foi, no tempo dos descobrimentos, converter os povos pagãos ao cristianismo, então é cacha digna de primeiras páginas e abertura de telejornais.
           Como é sui generis este "cantinho à beira mar plantado"!
          
          
          

1 comentário:

  1. Parabéns pelo post, é isso mesmo que vemos todos os dias. Uma cambada de facciosos, mafiosos e subservientes ao pseudo mais maior e mais melhor clue do mundo(deles)

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