sábado, maio 17, 2014

QUANDO FESTEJAREM, DE QUANDO EM VEZ, SABEM QUE NÃO PODEM CONTAR COMIGO.

                
@Lusa

                 O que me diferencia de muitos adeptos de outros clubes é que não me escondo nos momentos menos bons do meu clube de coração. Apareço mais nos momentos difíceis do que nas euforias dos triunfos onde sempre estão os oportunistas que só saem das tocas com o cascol bolorento a festejar.

                   A época prestes a terminar foi um desastre para o meu clube. Erros próprios, fragilidades da equipa, valor dos adversários, alguma dose de azar, instabilidade nos jogadores seleccionáveis a pensar no mundial do Brasil, treinador incapaz de superar dificuldades de liderança de um grupo heterogéneo e nacionalidades várias, jogadores influentes que saíram e sem correspondência de valor aos que os vieram substituir e, sim, comprovadamente, também por força de algumas arbitragens com influência nos resultados negativos verificados. Noutras épocas tudo isto tinha sido superado pela enorme diferença de classe do nossa equipa em relação à concorrência.

                   Ao contrário do seu principal rival, o Futebol Clube do Porto luta sozinho contra montanhas de dificuldade. Em Portugal, é emigrante a trabalhar num país estrangeiro. Não tem apoio de ninguém, além do dos seus seguidores. Está na luta em inferioridade de adeptos e enfrenta toda uma imprensa hostil e persecutória que alimenta campanhas de desacreditação e desmerecimento das nossas vitórias e empola e encarece tudo o que pode sustentar e perpetuar a grandeza do seu favorito. Não há jornal generalista, desportivo, estação de rádio, canal de televisão sediado na capital que não tenha nos seus quadros jornalistas, comentadores, dirigentes, afectivamente conotados com o grande "clube do regime". Nenhuma grelha de programas desportivos que ocorrem  diariamente em todos os canais da TV -excepção obviamente ao Porto Canal, o qual, presentemente, nem tem algum- dispensa um programa onde os comentadores vestem descaradamente uma camisola vermelha completamente à vontade para fazerem afirmações e vilipendear e sustentar campanhas a denegrir e apoucar o valor das conquistas alcançadas pelo Futebol Clube do Porto, mesmo as obtenha a nível internacional.

                  Um emigrante não pode ter consciência do que é a realidade dentro do país no campo da desinformação e proteccionismo discriminatório dos media . Não está em contacto diário com a doutrinação massiva e persistente que é dirigida aos consumidores do futebol e que passa para os seus descendentes no seio das próprias famílias, não raro até nas escolas. Pergunta-se a uma criança de tenra idade que veste uma camisola vermelha porque não é do Porto se é o clube que mais vence, e ele dirá: - "porque rouba". É esta a educação que lhe é dada no seio da família.

                 No final da Liga da Campeões disputada em Viena de Áustria em 27 de Maio de 1987, vi lá muitos emigrantes que não eram adeptos do Futebol Clube do Porto e tinham vindo de outros países para assistir ao jogo. No final tive oportunidade de constatar que estavam felizes pelo feito alcançado por um clube desconhecido contra o colosso alemão do Bayerne de Munique. Regressavam felizes aos seus locais de trabalho satisfeitos por poder enfrentar de cabeça levantada os naturais que, noutras circunstâncias, não deixariam de os achincalhar com comentários pouco simpáticos. Em Sttutgard, na Alemanha, estavam portistas no estádio não se manifestando na derrota nos penalties em solidariedade com os emigrantes que enchiam o estádio.

                Ao longo dos muitos anos que tenho como adepto do Futebol Clube do Porto sempre me insurgi e lutei contra a soberba e complexo de superioridade de maioria auto-convencida que não aceita ter sido vencida e ultrapassada na História pela equipa da cidade do Porto. Sendo muito menos, logramos ser melhores. David venceu Golias. Aljubarrota, voltou a cumprir-se.

                Já vêem que comigo não pode haver hipocrisia. Não me venham com a cantiga dos patriotismos porque até é sentimento caído no descrédito. Até já nem no "governo de Portugal" se dá algum crédito a isso. Se até agora não gostei de uma coisa, não vou intervalar e passar a gostar por um instante que fosse. Não vejo arrependimento no vilão, não tenho que perdoar. E, depois da "loucura" que se viveu nas hostes que compõem e assistem o finalista derrotado de Turim, onde os contendores tinham igual número de portugueses a jogar, porque não teria o direito de festejar a vitória do fenomenal BETO, o grande guarda-redes que levou à final e contribuiu tão elevadamente para a vitória justa do Sevilha, que é o mais competente guarda-redes português da actualidade e foi jogador do Futebol Clube do Porto onde continua a ter adeptos? 

               Patriota, sou e continuarei a ser. Mas isso não fará de mim um hipócrita. Quando festejarem, de quando vez, sabem que não podem contar comigo.

                   Paguem-me na mesma moeda. De quando em vez...

2 comentários:

  1. Disse aqui o que nos vai na alma, ou seja falou (escreveu) por nós. É assim mesmo.
    Abraço.

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