domingo, dezembro 08, 2013

EU VI O "MEU" PORTO, NA SEGUNDA PARTE.


Jackson já leva 10 golos na Liga Foto: Francisco Leong/AFP

I Liga
Estádio do Dragão
2013.12.07
12ª Jornada

                           FC PORTO, 2 - Sporting Clube de Braga, 0

               Tão distintas uma da outra como o vinho é da água pura, foram as duas partes do encontro de ontem à noite no Dragão; no decorrer da primeira  a nossa equipa comportou-se como um cábula assustado que vai para o exame sem estar preparado e, a segunda, semelhante a um estudante brilhante que sabe ter feito uma prova para, pelo menos, merecer dezoito valores.

               O Braga pegou no jogo e fez o FC Porto andar numa roda viva à procura da bola. Muito mais serena, confiante, quase insolente, a equipa do velho professor, mestre da táctica e detentor do segredo do Dragão, mandou quase a  bel prazer na casa do tri-campeão. É verdade que andou longe do golo e a melhor oportunidade para abria o placard foi sustida por Eduardo e remate de marca Josué, a merecer palmas. Não que os jogadores não estrebuchassem ansiosos de mostrar que estavam dispostos a "dar o litro", mas a ansiedade era menos notória que o desentendimento, caótico diria, do desempenho do nosso meio-campo. A pressa sempre foi inimiga da perfeição e os jogadores da casa, sem discernimento no caminho a dar à bola, quase sempre se desenvencilhavam dela com o quem se quer ver livre duma praga.

Vamos ter mais do mesmo, pensava eu.

Mas, não. No recomeço após o intervalo, Lucho não apareceu e, para o seu posto (mais ou menos), Paulo Fonseca mandou Carlos Eduardo. E, logo, se notou a mudança, para cem vezes melhor. E veio o primeiro golo de Jackson, aos 48', servido por Alex Sandro, o arraial animou-se com os jogadores do Porto a trocar a bola em jogadas rápidas para a frente, a fazer pressão com várias unidades no meio campo dos "jesualdos", até o Herrera se deixou avistar, o Varela a entusiasmaaaar de tanto chatear e de cruzar e sem necessidade que Défour aparecesse, a jogar. Remates, cantos, oportunidades, até um ensaio pífio de chapéu mexicano do Herrera a Eduardo, e o remate do banquete numa vistosa gentileza de Varela a Jackson, ao colocar-lhe na cabeça o segundo da noite, faltavam cinco minutos para os noventa da lei.

Justo, justíssimo, merecidíssimo, agradabilíssimo para a alma portista e alívio do Paulo, pressionadíssimo.

GANHAR É BOM, MUITO BOM.

Detestei: a primeira parte do futuro tetra-campeão; o inexplicável fraco desempenho de Alex Sandro; o futebol que Défour não mostrou, o desnorte do Herrera no primeiro tempo, a escassez dos golos na segunda parte.

VARELA precisava de um CARLOS EDUARDO assim, esfuziante, estardalhatoso, ambicioso. Jackson deixou o (novo) contrato em casa. Fez bem.

A EQUIPA: Helton, Danilo, Maicon, Mangala, Alex Sandro, Lucho (Carlos Eduardo, aos 46', Défour, Herrera, Varela (Kelvin, aos 89'), Lackson Martínez e Josué (Licá, 72').

Árbitro: Paulo Baptista. Normal. Não entendi a razão do amarelo dado a Mangala. Deve ter sido pelo rótulo da testa do francês.



                     

3 comentários:

  1. Amigo :

    Na 2ª parte a música já foi outra !

    Abraço

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  2. Este foi mais um jogo em que a confiança da equipa variou entre o mau e o bom. Sim, está claro tratar-se mais de instabilidade emocional do que técnica, só que a falta de confiança é inibidora das qualidades técnicas que os atletas efectivamente possuem.

    Daí resultou duas partes bem distintas. A primeira, com evidente nervosismo e ansiedade a tolherem a capacidade de pensar e executar, resultando num futebol desligado e num mau espectáculo.

    No segundo tempo tudo foi diferente. A entrada de Carlos Eduardo, ajudou a esclarecer o jogo que passou a sair fluido, ligado, consistente e perigoso, muito mais próximo daquele que estes atletas são capazes.

    Esta mudança substancial acabou evidentemente por influir no resultado, que no final, acaba por ser escasso, em função das oportunidades perdidas.

    Sinceramente, não creio que a característica volúvel desta equipa tenha terminado. Vamos certamente continuar a ver mais exibições com as duas faces, como a deste jogo. Até quando é a pergunta que se impõe.

    Um abraço

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  3. O F.C.Porto vinha de perder 7 pontos em três jornadas, de líder isolado passou para terceiro a dois pontos da liderança. Como isso é uma facto raro, o ambiente no Dragão complicou-se bastante, era fundamental regressar às vitórias, dar um safanão na crise. Com um quadro destes pela frente e diante de um público exigente, pouco paciente e pouco tolerante, não foi surpresa que a equipa azul e branca tivesse entrado a jogar sobre brasas. Nervosa, ansiosa, intranquila - a bola parecia que queimava! -, a equipa de Paulo Fonseca e durante cerca de 30 minutos, não conseguiu jogar. Se a isso juntarmos um Braga bem organizado, sereno e a aproveitar a instabilidade portista, os 30 minutos iniciais foram muito difíceis, a casa parecia que vinha abaixo. Depois e aos poucos, os Dragões foram melhorando na organização, passaram a não errar tanto, a ter mais bola, conseguiram duas boas jogadas - uma das quais só não deu golo porque Eduardo fez uma grande defesa a remate de Josué -, acabaram a primeira-parte já mais próximo dos mínimos exigíveis e a equilibrarem a partida. Portanto e resumindo, o Braga foi melhor na primeira-hora, o F.C.Porto no quarto-de-hora final e como em oportunidades as equipas igualaram-se, o 0-0 no final dos primeiros 45 minutos, ajustava-se.

    Na etapa complementar, tudo foi diferente. Com Carlos Eduardo no lugar do lesionado Lucho, o F.C.Porto entrou bem, marcou logo nos minutos iniciais, por Jackson e arrancou para uma belíssima segunda-parte. O golo, é verdade, deu confiança e fez baixar a ansiedade, dentro e fora do campo, mas a melhoria também se deveu e muito, ao facto do ex-estorilista ser mais 10 que Lucho, aparecer a ocupar melhor o espaço à frente de Defour e Herrera, mais próximo de Jackson. Com isso o F.C.Porto subiu, pressionou mais alto e de forma mais organizada; os espaços ficaram melhor ocupados; passou a haver mais linhas de passe; a bola circulou melhor e evitaram-se os passes longos para um Jackson sozinho. E assim, o conjunto azul e branco dominou totalmente, criou vários lances perigososos, chegou naturalmente ao 2-0 - excelente jogada e assistência de Varela para Jackson concluir - e venceu com toda a justiça. Venceu com toda a justiça, diga-se, um adversário bom e com muito melhores argumentos que aqueles que nas últimas três jornadas fizeram o tri-campeão perder 7 pontos.

    Espero que esta intermitência tenha terminado definitivamente.

    Abraço

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