Liga Zon Sagres
Estádio do Dragão
FUTEBOL CLUBE DO PORTO, 2 - Rio Ave, 0
Havia alguma expectativa para este jogo para ver até que ponto o empate de Alvalade e a perda da liderança poderiam ter afectado o FC Porto. Além disso, havia ainda a ter em conta que o clube da Dona Victória já tinha vencido em casa o Vitória de Setúbal.
Sem Moutinho, a cumprir um jogo de castigo por acumulação de amarelos, Vítor Pereira colocou a jogar Défour e, sem Djalma, na selecção angolana deu a titularidade a Cristian Rodriguez, mantendo os restantes habituais titulares,incluindo Maicon na lateral direita e, Hulk solto a jogar em toda a largura da linha atacante.
O futebol não é um jogo de sábios e quanto mais os treinadores pretendem complicá-lo mais obstáculos se colocam à obtenção de resultados. A insistência sistémica do FC Porto num modelo de ataque em que prescinde de um ponta de lança está a tornar-se uma obsessão que vai acabar mal. Coisa entranha foi ver, no decorrer dos primeiros trinta minutos, pelo menos, que a equipa jogava como se Kléber lá estivesse e não no banco. Por força da saída de Hulk, por lesão, o brasileiro ex-Marítimo foi ocupar a sua posição de raiz e a movimentação do ataque alterou-se, facto que, no segundo período da partida, foi absolutamente determinante na obtenção do triunfo.
O excelente momento da equipa de Vila do Conde fazia antever que o FC Porto não ia ter vida fácil, e, com efeito, não teve. Sem se remeter a uma táctica de autocarro os vilacondenses não deram tréguas à defesa da casa embora sem terem posto em perigo iminente a baliza de Helton, com excepção, em todo o jogo, em apenas duas ocasiões: uma em que Yazalde rematou à figura e poderia colocar o marcador em 1-1 e, outra, já com o tempo de jogo expirado quando Rolando evitou o 2-1, derrubando, à entrada da área, João Tomás. De resto, se concedermos que nos últimos quinze minutos da primeira parte houve algum equilíbrio por adormecimento do FC Porto, no período complementar os campeões nacionais dominaram completamente a partida e poderiam ter chegado muito mais longe nos números.
Não está, pois, em causa o mérito da vitória portista, sobretudo pelo que jogou no segundo tempo onde foi senhor absoluto do jogo apenas pecando, como vem sendo constado, na falta de eficácia na finalização e alguma imprecisão no último passe. No tempo todo, a análise do seu rendimento é positiva e a exibição, não sendo espectacular, foi esforçada e de nível aceitável.
Jámes Rodriguez foi o herói do jogo pelos dois golos marcados, ambos de bela execução. Helton, Rolando, Otamendi e Álvaro Pereira, muito seguros e sem erros graves, saem com aplausos. Pena o último lance do internacional português no jogo, fazendo uma falta de que talvez já nem precisasse de ser cometida. Maicon voltou a exibir-se em bom plano. No miolo, o maior for Fernando já na forma que faz dele um jogador cobiçado. Belluschi, vai na terceira época e não mostra evolução para melhor do que se viu no ano da estreia. Défour, é um trabalhador nato e foi de extrema utilidade tanto a atacar como a defender. Cristián Rodriguez foi um dos que estiveram mais perto do que valem. Kléber, entrou muitíssimo bem, pareceu-me com muita saúde e vontade de ser titular, deu uma vida nova ao ataque e indicações ao treinador que, estou certo, contribuirão para ele, de uma vez por todas, jogar as pedras certas nos lugares exactos. Hulk, será sempre indispensável mesmo nas funções que lhe vêm sendo impostas.
Iturbe foi, também determinante na melhoria do jogo atacante e é uma valor garantido, devendo jogar mais, já. Varela pareceu estar recuperado e entrou facilmente no ritmo imposto pelo ataque.
Não fosse um claro antiportismo que o colocou à vontade para marcar tudo o que era e não era falta ao FC Porto, este Ferreira perdeu uma boa oportunidade de passar despercebido num jogo que teria sido fácil de dirigir para qualquer árbitro minimamente competente.
Pressionado pela obrigação de ganhar, o F.C.Porto entrou bem, dominador e com um futebol agradável, tricotado e em triangulações, foi encostando o Rio Ave atrás. Embora sem contundência no último terço, sem criar muito perigo e abusando das jogadas pelo meio, o Campeão prometia uma noite agradável aos seus adeptos. Só que a qualidade durou pouco e a partir dos 20 minutos, mais coisa menos coisa, começaram os passes errados, o futebol portista tornou-se complicativo, trapalhão, as soluções passaram a não ser as melhores, o que parecia fácil, começou a ficar difícil e até ao intervalo, salvo o golo de James, nada mais de relevante a equipa azul e branca conseguiu. A vantagem mínima era justa, mas se o jogo tivesse chegado empatado ao intervalo, não se pode dizer que era um grande castigo para os pupilos de Vítor Pereira. A juntar e fazer aumentar as preocupações da massa adepta do F.C.Porto, a lesão de Hulk, que sem estar a um nível alto, estava bem e é um jogador importantíssimo na manobra da equipa.
ResponderEliminarNa segunda-parte, já com Kléber no lugar do Incrível, foi um Porto melhor, com menos zonas sombrias na sua exibição e se podia ter sofrido o empate, que Yazalde desperdiçou isolado e só com Helton pela frente, também é verdade que por várias vezes podia ter aumentado a vantagem, até mesmo antes da jogada do jovem avançado da equipa vilacondense. Veio a consegui-lo já perto do final do jogo, 80 minutos, novamente por James, dando um colorido ao resultado mais de harmonia com o desenrolar da partida.
Tudo resumido, numa noite fria e chuvosa e com meia casa no Dragão, o Campeão cumpriu a sua obrigação e venceu, sem brilho, mas com justiça. E ganhar, nesta altura, é o mais importante para manter pressão e não permitir que a distância para o primeiro lugar aumente.
James marcou dois golos e foi, por isso, decisivo, mas para mim, Fernando, Defour, Cebola e Alvaro, o uruguaio, mais na segunda-parte, estiveram a cima do jovem colombiano, que, está visto, tem de jogar pelo meio e sem preocupações defensivas.
Atingimos uma marca bonita no campeonato, 54 jogos sem perder, mas isso de nada valerá se não atingirmos o principal objectivo, o título de campeões nacionais.
Espero que a lesão de Hulk não seja grave e não obrigue a uma paragem prolongada. Se há jogos, como foi o caso de hoje, que podemos dispensar o Incrível, há outros que a sua presença é muito importante.
Espero também, que esta semana haja fumo branco no que ao avançado diz respeito. Não podemos correr riscos.
Nota final:
Hoje deu para ver mais tempo de Iturbe e sinceramente, não foi o que esperava. Tem atenuantes: é um jovem, está a dar os primeiros passos no F.C.Porto, entrou e quis mostrar serviço, é natural. Mas fê-lo da pior maneira, enveredando pelo individualismo, foi trapalhão, esteve demasiado sôfrego. Iturbe, ficou-me a sensação, ainda tem muitas etapas para queimar. Começo a perceber melhor a razão porque tem estado tanto tempo no laboratório...
Abraço
Meu caro :
ResponderEliminarExcelente crónica .
Parabéns !
Um abraço