(Para memória futura)
"Dragões Diários de 04.02.2025"
"O jogo de
ontem em Vila do Conde pode resumir-se de forma simples: o Rio Ave beneficiou
de dois infortúnios da defesa do FC Porto e de uma arbitragem desastrosa da
equipa liderada por Gustavo Correia para acabar com onze jogadores, marcar duas
vezes e resgatar um ponto (2-2).
Logo ao quarto minuto, o juiz da AF Porto ignorou um pisão violento de Petrucci
sobre o tendão de Aquiles de Samu - um lance sem direito a qualquer cartão e
que prova a disparidade do critério de Gustavo Correia, VAR responsável pela
expulsão de Nico González há duas semanas em Barcelos.
Aos 17, Olinho entrou de sola sobre Alan Varela e escapou ao primeiro amarelo;
aos 48, o mesmo atleta empurrou Rodrigo Mora dentro da área com as duas mãos e
sem qualquer intenção de jogar a bola, fugindo ao segundo cartão; aos 55, Demir
Tiknaz tocou o esférico com o braço e os portistas voltaram a sair prejudicados
por um critério de análise que parece depender da cor das camisolas e da área
onde ocorrem os lances, pois basta recordar que nem dois dias passaram sobre o penálti assinalado contra o FC Porto B num
lance de ressalto.
Vasco Santos, o VAR do encontro, somou mais um erro grave ao não alertar o chefe
de equipa para uma grande penalidade que só ele não terá visto através das
imagens televisivas. Não é a primeira vez esta temporada que o árbitro da AF
Porto tem tido dificuldade em acertar decisões nos jogos do FC Porto, como é
exemplo o penálti sobre Pepê em Moreira de Cónegos ou a expulsão perdoada a
Morita na meia-final da Taça da Liga.
Disso não se podem queixar os adversários diretos do FC Porto, permanecendo bem
presente a inexplicável inércia de Vasco Santos no jogo de um dos rivais no
campo do Moreirense esta temporada. Apesar de o acumular de erros grosseiros de
Vasco Santos lhe continuar a valer nomeações para jogos importantes, fica a
curiosidade de saber até quando esta impunidade passará ao lado do Conselho de
Arbitragem.
Curiosa é também a situação de, para além destas falhas humanas ajudadas pela
tecnologia, a própria tecnologia VAR nem sempre funcionar como deveria.
Certamente que ontem não terá sido o caso, de tão grosseiros que foram os erros
de quem exerce a função de videoárbitro, mas convém relembrar que a referida
tecnologia não atua na sua plenitude em todos os campos do país.
Em setembro, aquando da deslocação da equipa B a Penafiel, foi comunicada ao FC
Porto a existência de falhas tecnológicas que condicionam a utilização do VAR
naquele estádio. Após diversas reuniões nos últimos meses com as instâncias que
supervisionam as competições e a arbitragem, o Clube percebeu tratar-se de uma
situação recorrente e que se verifica em vários campos do país, inclusive da
Primeira Liga, mas continua sem ter um cabal esclarecimento por parte das
entidades competentes de quais os estádios em que isso acontece de forma
regular.
Pode parecer ironia, mas é realmente factual e facilmente apelidável de
terceiro-mundista um campeonato que ocupa o sétimo lugar do ranking UEFA. A
maior das ironias é que os prejudicados são sempre os mesmos e ainda pagam a
fatura."
Remígio Costa